segunda-feira, 14 de abril de 2014

"A palavra como fenômeno ideológico por excelência, está em evolução constante, reflete fielmente todas as mudanças e alterações sociais. O destino da palavra é o da sociedade que a fala."
Mikhail Bakthin

Comecemos pelo começo.

A Palavra

A palavra dita
A palavra xingada
A palavra escondida
A palavra cantada
A palavra sofrida
A palavra roubada
A palavra cuspida
A palavra calada
A palavra curtida
A palavra criada
A palavra movida

A palavra.

Silvia Letícia


NUM PASSADO REMOTO PERDI MEU CONTROLE. Esse é o nome do meu primeiro blog. Para quem não reconhece essa frase, ela é o trecho da música Xanel Nº 5 da banda O Teatro Mágico, uma das bandas nacionais que mais admiro. Lá, gostava de expor meus sentimentos em rimas, usar e abusar das palavras entrelaçando-as e incorporando-as ao que vivia e sentia, mesmo antes de ter contato com uma disciplina que me ofertasse a oportunidade de fazer com a palavra o que ainda não havia aprendido a fazer tão bem. Talvez fosse porque minhas inspirações vinham muito mais de sentimentos amorosos não correspondidos do que de magníficas aulas de Morfossintaxe associadas a bons textos acadêmicos. A citação de Bakthin foi apresentada em aula do professor e a achei muito adequada para iniciar minha postagem. Fiquei por demais maravilhada, animada, contagiada e RE- inspirada quando ouvi a música que o professor nos trouxe. Era nada mais nada menos do que PALAVRA do Teatro Mágico. Eles usam as palavras como frutas, as batem numa espécie de liquidificador mental e nos servem verdadeiros sucos musicais.

Somos cheios de intenções e quando as expressamos, usamos as palavras que queremos, sejam elas para convencer, converter, julgar, negar, afirmar e por aí vai... Escolhemos as palavras que dizemos. Como no vídeo abaixo, a música do Teatro Mágico nos traz uma profunda reflexão sobre a influencia da mídia, especificamente da TV em nossa vida, em nossa casa. Já pararam para pensar que enquanto estão, ou estavam sentados em frente a "caixa colorida" estavam num estado hipnótico, crentes de que as coisas ditas, vistas eram as verdades absolutas pregadas por personagens da novela das oito, dos jornais, como se eles nos conhecessem, soubessem o que precisávamos ouvir? Encerro com uma estrofe da música, porque num passado remoto perdi meu controle!

...Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?

Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.



5 comentários:

  1. Assim como você, eu já namorava as palavras antes mesmo de conhecê-las formalmente com aprofundamento . Já flertava um verso ou outro com mais atrevimento que conhecimento, reconheço. Mas ao estudar e aumentar a intimidade com as palavras, com as línguas e com todo esse universo que transcreve, descreve, representa e simboliza o mundo, tornou-se mais verdadeira e intensa minha admiração. O dito "a palavra tem poder" tornou-se claro e certo para mim. E que poder! Obrigada, Sílvia Letícia, por nos proporcionar em poucas linhas um ótimo raciocínio, relacionado a uma obra "mágica" e tão maravilhosa e digna de muita leitura. Por vezes o estudo acadêmico se torna utópico e por demais distante da realidade, é ótimo e prazeroso quando nos é possível e permitido inserir, perceber, de fato, no mundo, na realidade que nos rodeia, tudo o que os livros, textos e estudo formal nos apresenta. Leitora assídua das tuas palavras, também em outros contextos, adorei seu blog!!!! <3 Beijos! ;-)

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  2. Muito bom, Acredito que as palavras tem poder em todas as suas formas.
    Gastei muito do pensamento abordado em sua mensagem.
    Beijos.

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  3. Gostei muito da tua postagem, Sílvia Letícia. Parabéns! As reflexões aliadas à musica do Teatro Mágico ficaram bem delineadas. Tenho apenas duas sugestões:
    1. Comente mais a respeito dos vieses ideológicos e sociais que Bakhtin explicita na citação que você colocou aqui;
    2. Quando você escreveu o poema "A Palavra"? Foi antes ou no decorrer das aulas com o prof. Dioney? Gostei muito do poema, por isso gostaria que você contextualizasse o momento de produção. Além disso, comente tuas reflexões no processo de escolha das palavras para o poema :)
    Abraços, Roberta.

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  4. Ah, gostei muito da interação com pessoas que não são alunas da disciplina. Isso mostra que o AVM é um espaço (teu/seu/nosso espaço, no caso, não é Sílvia Letícia?! rs) de troca de conhecimentos para o público em geral. Muito legal :)

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  5. Obrigada Roberta! Farei as adequações sugeridas =D. Sobre o poema, eu o escrevi no dia da minha postagem mesmo, foi uma inspiração súbita enquanto eu ponderava sobre o primeiro dia de aula do professor Dioney. Bem, sobre a escolha das palavras eu busquei alinhar a rima com a multiplicidade de intenções que se tem ao pronunciar, escrever, gesticular as palavras. Fui pensando em como as criamos, as mantemos, ou as trocamos por outras. Acredito que tenha sido por aí minha intenção ao usar cada uma delas pra fazer essa metalinguagem no poema. =D

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